
Quem jogou Criminal Origins já sabe mais ou menos o que esperar da realidade de condemned: um pouco de jogo criminal com alguns bons puzzles (embora alguns meio deslocados) mas, principalmente, litros e litros de sangue pútrido espalhado por todas as partes do cenário como resultado de algumas das mais insanas, intensas e nojentas batalhas jamais vistas em um jogo de vídeo game. Para quem gosta desse tipo de clima, eis uma boa notícia: em Condemned 2: Bloodshot as coisas estão ainda mais cruas e explícitas (realmente).Além disso, quem gostou do tipo de puzzles trazido por Criminal Origins vai gostar de saber que as coisas estão um pouco mais complexas em Bloodshot, exigindo, de fato, um jogador bem mais pensante.
Um Ethan Thomas ainda mais bêbado e problemático
Embora a história de Condemned 2 não esteja exatamente focada no problemático Ethan Thomas, os demônios pessoais do detetive ainda representam uma boa parcela... além de dar um tempero a mais no jogo. Não bastasse o fato de Thomas ainda padecer com as visões de uma espécie de realidade oculta, ainda há o seu acentuado problema com o alcoolismo (às vezes necessário até para mirar com uma arma). Some-se isso à existência de um passado sombrio, e o que se têm já no início é um Ethan Thomas mais exausto e amargo do que nunca jogado na sarjeta e bêbado.
Entretanto, o lúgubre boêmio é a única alternativa da Serial Crime Unit (SCU), que busca sua ajuda para desvendar a incontrolável onda de crimes que assola o metrô da cidade. Conforme as investigações vão se desenrolando, o detetive se vê em meio a uma intrincada rede de conspiração. Assim como acontece no universo de Silent Hill, Condemned traz uma interessante, tensa e tênue linha separando a realidade consensual de uma paranormal.
É verdade que a trama traz algumas pontas soltas aqui e ali, já que nem tudo se encaixa perfeitamente no contexto ou dá a impressão de ser realmente útil. Porém, de maneira geral, o que se têm é uma história rica e coesa. Além do que, como todo bom jogo do estilo, Condemned 2 lança mais dúvida do que esclarecimentos na cabeça do jogador, e uma série de fatos acabam ficando em aberto, o que faz supor, é claro, que a Monolith pretende tirar mais alguns trocados com a franquia no futuro.
Um multiplayer um tanto desnecessário
Embora o modo “crime scene” traga alguma novidade e, talvez, alguns momentos de diversão, de forma geral, o multiplayer de Condemned 2 é, francamente, descartável. A bem da verdade, deve-se reconhecer que não se trata de um jogo com um bom potencial para batalhas multiplayer.
Mas, para quem quiser experimentar “crime scenes”, o modo traz duas equipes, a dos agentes da SCU e a dos “influenciados”. A idéia é que uma equipe esconda uma série de evidências através do cenário e que a outra tente encontrá-los. Pode não parecer, mas, de fato, o modo traz algo de “gato-e-rato” que acaba mesmo envolvendo.
Quem já gostou da atmosfera densa e opressora do primeiro Condemned, provavelmente vai considerar Bloodshot um deleite completo. Além acrescentar toda uma série de fatores dramáticos, o jogo ainda intensifica aquilo que foi iniciado no seu antecessor, e o que se vê no resultado final é um clima de horror com uma intensidade e uma originalidade que há muito tempo não marcavam presença na indústria de jogos. Talvez alguns títulos recentes do gênero tenham trazido um ou outro susto, mas uma atmosfera carregada de tensão com uma história coesa e cenas de ação memoráveis não é algo que se vê todo dia. Portanto, para os menos impressionáveis fãs do estilo, fica aí a dica.